Não havia chuva. O sol era a única coisa que caía direita sobre mim, sobre o verde dos meus olhos, nunca sinistro e sobre o imenso cheiro soberbo daquela que cada vez mais se tornava na pura e principal concepção do que era ser-se natural.
Tomei forma de investigar.
Fiz-me ao caminho na medida dos meus e dos teus possíveis.
Sem cometer erros. Meio passo atrás, três passos à frente.
Como se todos os caminhos fossem certos e nenhum cruzamento me baralhasse.
Sempre inteira. Sempre pronta.
Tal como tu és a medida estudada e bem analisada, eu tinha quase a certeza, sem estudar, sem analisar, que aquele lugar, mesmo sem falar, seria o meu melhor conselheiro.
Que do verde surgiam as lembranças. Dos ramos as certezas. Da pouca água a imensa felicidade que todos os dias eu transportava. Primeiro por ti. Depois, só depois por mim.
Corri no intuito de te encontrar.
Já que nunca houve oposições e nunca formulei condições.
De cada vez que enchia os pulmões a pressa era maior.
Já não distinguia as cores, os cheiros, nem mesmo os silêncios, as sombras. Os rascunhos de árvores velhas e derrocadas recentes.
O corpo dormente da pressão não obedecia ao meu desejo.
O equilíbrio deixou de ser constante desde o momento que me deparei com tal grandiosidade.
Era profundo. Era fenomenal. Intenso. Convidativo. Anti-pessimismo. Convicto e muito, muito intencional.
Caí de joelhos como quem paga uma promessa. E não, não te encontrei.
Mas apercebi-me, nos segundos em que cai, que o que faz a vida valer a pena é esta constante incerteza quanto aos segundos seguintes. E que foi a dúvida quem me adormentou. E que cada momento meu surge de diferenças e imperfeições de sujeitos anteriores mas que aos olhos de cada um são as mais belas criações da natureza.
Forte e convencida pela razão, deixei que só aquele lugar me respirasse como se eu fosse o último oxigénio puro do Mundo.
De todos os inícios e os fins que Deus impôs na minha vida, os teus, com os meus ‘’entretantos’’ foram os melhores de uma vida.
Crio todos os dias pontes sobre estreitos abismos. No fundo, a maioria dos seres considerados humanos intitulam simples caminhos como abismos entre o percebido e o pensado. E tudo continua completamente intransponível.
O meu caminho, o meu único caminho, ao contrário dos teus tantos caminhos pauta-se pelos sentidos e pelo raciocínio que se perde pela imaginação.
Vi a realidade com olhos de ver e consegui pensá-la. Pensei o que só as plantas novas crescidas me sugeriram. E pensei conjugar o terceto que me compuseste em sétimas perfeitas. Construir a nossa perfeita tragédia do 3 ao 7, dando 73 passos sem nunca recuar com 37 ideias sem nunca baralhar.
Desculpa, mas desta vez, já não há volta a dar.
Habituei-me ao teu frio que se infiltra na minha pele.
Lembrei-me que a pressa agora é a de voltar. Deixei a roupa espalhada e tudo por arrumar. A cama onde dormimos e sonhámos sem estar à espera de acordar.
Mas a brisa quer prender-me o olhar.
O ficar é mais comprido que o partir.
Mas tinha mesmo de ser. Vou sentir saudades ou lá como queres que eu chame. Tenha ela o nome que tiver, seja o que for e o que tiver de ser, seja ela o que for que tu queres que seja, é fria, como a tua raça, e continua fria, como tu.
Vou voltar e vou ser tua sem me oferecer.
Voltei. E se bem que voltei.
Voltei com as mãos cheias. Escrevi com os meus dedos nos teus lábios o amor que sem querer eu e só eu deixei crescer, como vi a água escrever nas pedras o rumo que só ela devia tomar.
está bonito Sofia *
ResponderEliminarDelicado ... *
ResponderEliminaracredito ;)*
ResponderEliminarProcuras palavras no teu sangue, escritas a verde e com uma letra bonita as trazes a este mundo, traduzindo aquilo que desejas.
ResponderEliminarComo sabes, cada lagrima fica marcada num papel como uma palavra ;)